Nossa História

A história da Escola da Serra de Pouso Alegre está totalmente ligada a vida da Mana Boschi, pedagoga formada pela USP e hoje proprietária da escola, ela vivenciou e aprendeu muito em toda sua vida sobre o poder de transformação que a educação proporciona.

A ESCOLA QUE EU QUERO

Olá, sou a  Mana Boschi, pedagoga, apaixonada pela primeira infância e suas potencialidades. Ainda na faculdade, tive a oportunidade de participar de um grupo de estudos focado na primeira infância e estávamos nos aprofundando em Reggio Emilia.


Com com esse grupo, fiz  uma viagem de estudos num convênio entre a USP e a Universidade de Parma (que fica à 15 minutos de Reggio Emilia)  para conhecermos as creches e pré-escolas. Essa viagem mudou a minha forma de entender a educação, o propósito do educador, mas acima de tudo, mudou o meu olhar com relação às crianças.


Voltei da Itália, inspirada, animada para colocar tantas coisas em prática na escola em que eu trabalhava. Mas eu ainda era auxiliar de classe, novata na escola. Ouvia com frequência: isso funciona lá – aqui no Brasil não funciona, não dá certo.


E eu me perguntava: como assim não dá certo? Por que não dá certo? Crianças são crianças, em qualquer parte do mundo. Então o  que muda? O entorno, as influências culturais, o ambiente, e, principalmente, o que muda é a crença do adulto sobre as potencialidades das crianças e sobre o seu papel enquanto educador.


Fiquei 8 anos nessa escola, onde cresci imensamente, profissional e pessoalmente. Não conseguia me conformar com algumas práticas arraigadas,  como as atividades padronizadas, crianças sem nenhuma voz tendo que pintar dentro da linha sem deixar nenhum espaço em branco: 


– “O céu é azul, a grama é verde.”

– “Não é assim!”

– “Onde já se viu maçã roxa?”

– “Você esqueceu de colocar o sorriso e os olhinhos no sol.” – ao que a criança respondeu: “Mas o sol não tem rosto” (e eu vibrei por dentro!).


A professora ainda tentou: “Mas você não acha que ele fica feliz em saber que está ajudando as plantinhas a crescerem, esquentando a gente? Olha o trabalho dos seus amigos, todos colocaram o sol sorrindo, olha como fica legal.” Ele não cedeu e o trabalho dele não foi escolhido para enfeitar a parede da sala.


Uma vez, montamos um cenário no canto da sala, para representar a história da Cachinhos Dourados e os 3 Ursos: 3 caminhas; 3 cadeirinhas; 3 potes de mingau – pequeno, médio e  grande. “Uma graça, as crianças vão amar!”, pensei. E não deu outra! 


Segunda-feira, as crianças chegaram e foram logo explorar a novidade. Então ouvi a professora esbravejar: “O que vocês estão fazendo??? Eu ainda não ensinei como é para brincar aí!”

Certa vez, no recreio, algumas crianças perguntaram se podiam ficar na sala brincando com os jogos ou desenhando, estava muito calor e não tinha muita sombra no parque. Eu disse: “Claro! Eu fico aqui na porta, assim posso acompanhar a turma de dentro e a turma de fora.”


 Fiz os combinados, com relação a deixar a sala em ordem antes do recreio acabar, estava tudo certo! Passou uma professora e disse: “O que vocês estão fazendo??? É hora do recreio! Todos pra fora, vai, vai vai! Vão brincar.” 


Começou a recolher tudo dentro da sala. Olhou pra mim e disse: “Criança tem que correr! Tem que gastar energia, senão elas vão ficar atormentando depois.”


Me sentia uma criança de 3 anos na fase dos porquês – inclusive uma professora chegou a dizer que eu fui a pior assistente que ela já teve porque eu fazia muitas perguntas! Imagina que tipo de aluno ela gostava de ter…


Ouvia  muitas coisas como:

“Eu faço isso há mais de 15 anos e funciona muito bem.”
“Pra que ficar inventando moda?”
“Isso é bem legal, eu também adoro, mas essa é uma escola acadêmica, não dá tempo.”

Uma escola acadêmica! Uma escola acadêmica, já no infantil. Essa informação não descia, então fui perguntar para a diretora, afinal a escola tinha custeado minha viagem para Parma e pedido para que eu compartilhasse minhas aprendizagens com a equipe ao retornar.


“Se você não está preparado para pedir demissão ou ser demitido pelo que acredita, então você não é um trabalhador, muito menos um profissional. Você é um escravo.” – Howard Gardner

“Se vocês são uma escola acadêmica e é isso, eu vou sair. Está tudo bem. Eu não me encaixo, vou buscar outra escola com outra abordagem, mas vejo muita discrepância entre discurso e prática! Estou muito confusa.”


Ela também era nova, não na escola, mas na posição de diretora, e estava pronta para implementar mudanças significativas. Era uma boa líder, uma grande líder, e me ensinou a ter paciência e a confiar no processo.


Não podemos mudar tudo do dia para a noite, é preciso formar e informar os professores, dar espaço para que cresçam de dentro para fora. Alguns, vão abraçar a causa, outros vão resistir muito e outros vão acabar saindo. 


Acreditei!

Como disse, fiquei 8 anos nessa escola e pude acompanhar o árduo processo de mudança da cultura escolar. Processo longo, muitas vezes doloroso, que me fez mais forte, mais segura, mais sabida, pois precisava estudar para defender minhas convicções e colocar em prática na minha sala de aula. 


Como diz o psicanalista Alfred Adler: “É mais fácil lutar por princípios do que viver de acordo com eles”.

Em 2014 nasceu a minha filha e foi nessa ocasião que saí da escola, pois me mudei para o interior. Aí começou outro desafio: escolher a melhor escola para ela. Que tarefa difícil! Em 2019 a minha aflição aumentou.


E agora???? Em 2021 a Cecília vai para o Primeiro Ano e não tem na cidade nenhuma escola do jeito que eu quero. E como é a escola que eu quero? Parece mais fácil descrever a escola que eu não quero, por isso esse exercício é tão importante.


Primeiro pensei nas crianças, afinal a escola é para elas. A escola que eu quero tem crianças entusiasmadas, alegres, criativas e curiosas (perguntadeiras!). Nessa escola, as crianças têm voz: são vistas e ouvidas, decidem, elas são mesmo as protagonistas do seu processo educativo individual, co-criam o espaço, aprendem e ensinam. 


As crianças são ativas – devem sempre estar fazendo alguma coisa – nada de crianças esponjas que só fazem absorver – elas usam os 5 sentidos, brincam, exploram, brincam, criam, brincam. Já falei que elas brincam?


Depois, pensei nos adultos. Como são os adultos da escola que eu quero? Primeiramente, são adultos que gostam de aprender, pois se o adulto não vê a beleza de ser um eterno aprendiz (como diria Gonzaguinha), como vai fazer para encantar as crianças e ensinar o tão falado: “aprender a aprender”? Como diz José Pacheco, “o professor não ensina aquilo que diz, mas transmite aquilo que é.” Que imagem esses adultos têm a respeito das crianças?


Na escola que eu quero, eles as enxergam como indivíduos únicos, potentes, fortes, competentes, cidadãos com direitos, agentes de suas próprias vidas, membros ativos da comunidade, co-construtores de conhecimento, identidade e cultura. Por fim, quero saber como esses adultos enxergam o erro, pois na escola que eu quero, o erro é visto como parte fundamental do processo de aprendizagem, e do processo de desenvolvimento do pensamento criativo. 


O adulto da escola que eu quero celebra o erro, pois o enxerga como uma grande oportunidade para fazer suas melhores intervenções.

E o espaço? Como é o espaço da escola que eu quero? Obviamente, o espaço deve ser acolhedor, ter o mobiliário adequado, recursos disponíveis, mas o espaço é muito mais do que isso.  


O espaço é o terceiro educador, e como tal, deve estimular a criatividade, criar contextos para interações e facilitar as relações. É um espaço para se produzir cultura, capaz de promover mudanças na construção da identidade de cada criança, enfim, é um espaço vivo, cheio de histórias para contar.


A escola que eu quero tem valores claros. Esses valores são conhecidos por todos os os membros da comunidade (pais, professores, colaboradores e alunos) e norteiam todas as ações da escola.


A escola que eu quero é uma grande comunidade e faz questão de envolver todos os membros de forma ativa, e vai além dos seus muros, interagindo e atuando no seu entorno.


Por fim, a escola que quero, não finda na Educação Infantil, ela continua nos demais segmentos e carrega todos esses elementos para as crianças maiores e os jovens.


A Escola da Serra de Pouso Alegre é a concretização deste sonho, é a escola que eu quero!

Matrículas Abertas Matricule seu filho na escola reconhecida pelo MEC como referência em inovação e criatividade!

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